Água era escura na última chuva que caiu em Campo Grande, em 25 de agosto (Foto: Paulo Francis)
Água da chuva de cor escura também poderá ser observada na próxima vez que chover nos municípios de Mato Grosso do Sul, como aconteceu ontem no Rio Grande do Sul. O fenômeno é resultado do acúmulo de partículas presentes na fumaça das queimadas, que estão suspensas na atmosfera. Professor que coordena a Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Widinei Alves dá como certo o fenômeno no Estado.
"Com certeza nós vamos ter uma chuva escura, que vai deixar as piscinas todas escuras. Isso pode acontecer em grande parte do País. Onde houver muitas partículas provenientes de queimadas, a atmosfera vai ser limpa através da chuva", afirma. As gotas serão coletadas e terão o pH medido por analistas da estação de monitoramento. Widinei diz que isso foi feito quando choveu pela última vez em Campo Grande. "E já houve essa chuva ácida, de cor escura", afirma. O pH da água tende a ficar ácido novamente, comenta o professor sobre o provável resultado da análise. De todo modo, a chuva será bem-vinda para melhorar a qualidade do ar.
E quando vai chover? - Previsão do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul) indica que o tempo vai começar a mudar nesta quinta-feira (12) no Estado.
Primeiro, uma frente fria aliada a um sistema de baixa pressão atmosférica no Paraguai, deverá provocar aumento de nebulosidade e rajadas de vento de até 60 km/h, principalmente na metade sul e oeste do Estado. O transporte de calor deverá trazer chuva e queda nas temperaturas no final de semana nas cidades da regiões sul, sudeste, central, sudoeste e oeste do estado. Nesta manhã, já havia rajadas de vento de 37 km/h, segundo o Inmet. Em Campo Grande, pode chover no domingo (15), segundo a previsão da estação da UFMS. De acordo com o coordenador, somente a precipitação poderá "limpar a atmosfera" poluída.
A Climatempo ressalta que a chegada da frente fria vai aliviar temporariamente as altas temperaturas e a presença de fumaça na atmosfera.
"O sistema não será capaz de dissipar completamente o bloqueio atmosférico responsável pela onda de calor que afeta grande parte do País. Assim, após a passagem da frente, as temperaturas voltarão a subir. A passagem dessa frente fria trará chuva para o Sul, Centro-Oeste e Sudeste. não há uma previsão concreta de melhora significativa na qualidade do ar, já que as queimadas devem continuar intensas", diz a previsão da empresa.
Ar "ruim" - Na tarde desta quarta-feira (11), vai completar uma semana desde que um corredor denso de fumaça chegou a Campo Grande. No dia seguinte, a qualidade do ar medida pela estação começou a piorar. A classificação "ruim" predomina há seis dias na Capital. Houve períodos de qualidade "moderada" nesse período, mas elas foram breves.
Nesse cenário, a recomendação é hidratação, evitar se exercitar ao ar livre e usar máscara.
Água era escura na última chuva que caiu em Campo Grande, em 25 de agosto (Foto: Paulo Francis)
